quarta-feira, 23 de maio de 2012

sentidos.

Naquela tarde os ipês não estavam floridos, e as folhas já o haviam deixado a muito. Um passo após o outro, estas seriam as regras corretas, mas o passo era passado, no passado tudo que foi não poderia mais ser . Como os dentes de leões voarem as relações seriam menos sinceros. Naquela noite a lua era pequena, naquela noite andar para trás faria mais sentido. Se sorrir fosse fácil a lua não seria tão triste e a vida nem tão efêmera. Ela só queria nadar, sentir o vento, talvez a fumaça em seus pulmões, talvez o sol o seu rosto, talvez a chuva em suas mãos, era só, mas era feliz, por ser triste, por ser sincera. Sorria por força, gozava por necessidade, sofria por vontade. Se as arvores pudessem falar, pereceriam caladas. A piedade é a qualidade do humano mais cruel. Para a pequena L.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Carinho.

Nos sonhos, nos pensamentos, nas idéias, nas meditações, no mundo onde nada existe tudo esta em seu devido lugar. Ele era simples, simpático, guerreiro, forte, fiel, mas uma incógnita. Ele fumava tantos cigarros quanto podia, bebia para poder não se rasgar, rasgava-se para poder sonhar, sonhava-se para poder viver. Seus olhas eram sinceros, mas preferia deixá-los fechados, como se não acreditava no que estava acontecendo, quase sempre sabia no que iria dar, mesmo não gostando esperava, talvez um dia as coisas não fosse premeditadas. Não amava, mas sofria. Dentre as qualidades humanas a mais cruel é a piedade. Sentia como se estivesse caído, sem saber exatamente por que e em qual momento se lançou. Naquela manhã ele sorriu, depois sofreu um pouco mais, fumava um cigarro na janela, talvez por querer mais, talvez por sorrir menos. Uma coisa era certa, uma garrafa de presidente o faria infinitamente mais concreto. A casa esta limpa, por falta de dinheiro não comeram carne, comeram soja. Por falta de coragem olhavam-se pouco, por falta de felicidade sofriam muito. Quando a lua cresce e as folhas caem marrons ao chão, os dias são tão pesados quanto chumbo, e os olhos tão carregados quanto o fuzil da mão do vilão. O problema não é ter certeza o problema é a certeza de não ter nada. Ele corria Ele esperava. Ele fingia Ele amava. Ele queria Ele evitava. Ele pulava. Ele deitava. Ele fumava. Ele rasgava. Ele comia. Ele sofria Ele saia. Ele esperava. Ele ligava. Ele ansiava. Ele murmurava. Ele gritava. Ele tinha certeza. Ele só duvidava.